sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Espírito Natalino

Na verdade, o Jesus histórico não nasceu no Natal –a data em questão remonta as comemorações da entrada do solstício de inverno pelos romanos, ou seja, uma festa pagã cristianizada pelo papa Libério em 354 D.C., por conta dos graus de simbolismo e de oportunidade que ela representava. E pelo que tudo indica, nem no ano zero -isto, aliás, graças a um erro de cálculo na confecção do nosso atual calendário, o Gregoriano. Ou seja, a data é simbólica.

De qualquer forma, o que importa mesmo não é a precisão da data, nem se os fatos são exatamente do jeito que nos apresentam, mas os bons sentimentos que ele suscita em todos nós –ou que pelo menos deveria suscitar.

Sendo assim, dentro desse espírito natalino, gostaria de compartilhar com vocês algumas coisas. Primeiro, um texto do Moacyr Scliar, escritor de estilo leve, inteligente e bem humorado que flerta com o imaginário fantástico e se vale da tradição judaico-cristã como base de sua literatura.

O texto partiu de uma notícia veiculada no jornal Folha de São Paulo, em 2001, cuja epígrafe pode ser vista entre aspas no início do texto. Sem perder o bom humor que lhe é característico, ele explora toda uma possível humanidade existente num matador de aluguel, quando envolto pelo espírito do Natal e pelo cotidiano familiar. Sem dúvida, um bom exercício de imaginação –sem ironia.

E em segundo lugar, três álbuns. O primeiro deles é o do Vince Guaraldi Trio, liderado pelo pianista homônimo que, segundo consta, foi a pessoa quem mais fielmente conseguiu representar, em música, o universo de Charlie Brown e sua turma, personagens criados pelo já falecido cartunista norte-americano Charles M. Schulz.

Na sequência, o álbum que Bob Dylan lançou recentemente, Christmas in the Heart, que alguns não gostaram, mas eu achei muito bom. Principalmente, pela voz rouca que, a meu ver, lembra um Tom Waits menos grave.

E, finalmente, um especial de Natal lançado em 1990 pela lendária Blue Note Records, em que participam o trompetista Chet Baker, o pianista e bandleader Count Basie, a pianista -e cantora- brasileira Eliane Elias, o saxofonista Dexter Gordon dentre outros bons nomes do jazz.

No mais, é isto. Aproveitem o texto, os álbuns e tenham um excelente Natal. Até a próxima!

[ChuckWilsonDB]

Espírito Natalino

por Moacyr Scliar

“Homem disfarçado de Papai Noel
tenta matar publicitária em SP.”

(Caderno Cotidiano, Folha de São Paulo, 18/12/2001)

Primeira coisa que ele fez, ao chegar em casa, foi tirar a roupa de Papai Noel: estava muito quente, suava em bicas. Também queixou-se de dor na coluna. Isso é por causa do saco que você carrega, observou a mulher. De fato pesava bastante, o tal saco. A razão ficou óbvia quando ele esvaziou o conteúdo sobre a mesa: revólveres, granadas, submetralhadoras, vários pentes de munição. Já não dá para sair de casa sem um arsenal, resmungou. O seu mau humor era tão óbvio que ela tentou amenizá-lo, puxando conversa. Como foi o seu dia, perguntou.
— Um desastre -foi a azeda resposta. — Mais uma vez errei a pontaria. Já é a segunda vez nesta semana.
— Isto é o cansaço -disse ela.
— Você precisa de um repouso. Amanhã você vai ficar em casa, não vai?
— De que jeito? Tenho trabalho.
— Amanhã? No dia de Natal?
— O que é que você quer? É a minha última chance de usar a fantasia de Papai Noel. Tenho de aproveitar.
Suspirou:
— Vida de pistoleiro de aluguel é assim mesmo, mulher. Natal, Ano Novo, essas coisas para nós não existem. Primeiro a obrigação. Depois a celebração.
Ela ficou pensando um instante. — Neste caso –disse-, vamos antecipar a nossa festinha de Natal. Vou lhe dar o seu presente.
Abriu um armário e de lá tirou um caprichado embrulho. Surpreso, o homem o abriu com mãos trêmulas. E aí o seu rosto se iluminou:
— Um colete à prova de balas! Exatamente o que eu queria! Como é que você adivinhou?
— Ora -disse ela, modesta-, afinal de contas eu conheço você há um bocado de tempo.
Ele examinava o colete, maravilhado. E aí notou que ele era todo enfeitado com minúsculos desenhos.
— O que é isto? -perguntou intrigado.
Ela explicou: eram pequenas árvores de Natal e desenhos do Papai Noel, trabalho de uma habilidosa bordadeira nordestina:
— Para você lembrar de mim quando estiver trabalhando.
Ele começou a chorar baixinho. Em silêncio, ela o abraçou. Compreendia perfeitamente o que se passava com ele. Ninguém é imune ao espírito natalino.

_____________

Texto extraído do jornal Folha de São Paulo, edição de 24/12/2001, publicado com o título "Espírito Natalino”.

Conheça Moacyr Scliar e o projeto Releituras.

Álbuns

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 A Charlie Brown Christmas: The Original Sound Track Recording Of The CBS Television Special (Vince Guaraldi Trio)

1. O Tannenbaum
2. What Child Is This?
3. My Little Drum
4. Linus and Lucy
5. Christmas Time Is Here [Instrumental]
6. Christmas Time Is Here [Vocal Version]
7. Skating
8. Hark! The Herald Angels Sing
9. Christmas Is Coming
10. Für Elise
11. Christmas Song
12. Greensleeves

Linus and Lucy (3’06 - A Charlie Brown Christmas)

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Christmas in the Heart (Bob Dylan)

1. Here Comes Santa Claus
2. Do You Hear What I Hear?
3. Winter Wonderland
4. Hark The Herald Angels Sing
5. I'll Be Home For Christmas
6. Little Drummer Boy
7. The Christmas Blues
8. O' Come All Ye Faithful (Adeste Fideles)
9. Have Yourself A Merry Little Christmas
10. Must Be Santa
11. Silver Bells
12. The First Noel
13. Christmas Island
14. The Christmas Song
15. O' Little Town Of Bethlehem

The Christmas Blues (2’54 – Christmas in the Heart)


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Yule Struttin’ – A Blue Note Christmas (P1 - P2)

1. Vauncing Chimes - Horizon, Bobby Watson
2. Silent Night - Stanley Jordan
3. Christmas Song - Lou Rawls
4. I'll Be Home for Christmas/Sleigh Ride - Eliane Elias
5. Winter Wonderland - Chet Baker
6. Merrier Christmas - Benny Green
7. Merrier Christmas - Dianne Reeves
8. O Tannenbaum
9. Jingle Bells - Count Basie
10. Chipmunk Christmas - John Scofield
11. God Rest Ye Merry Gentlemen - Joey Calderazzo
12. Have Yourself a Merry Little Christmas - Dexter Gordon
13. Silent Night - Benny Green
14. Little Drummer Boy - Rick Margitza

Jingle Bells (3’19 - Count Baise - Yule Strattin')

domingo, 20 de dezembro de 2009

Experimente: última parte

Finalmente, a última parte deste post. E conforme prometido, mais dois bons registros ao vivo do novo programa do Edgard no Multishow: Seychelles, de São Paulo, e Júlia Says, de Recife.

Seychelles (Foto: MariMoon)

SEYCHELLES

Com o nome derivado de um arquipélago no oceano Índico que durante anos serviu como paraíso fiscal, esta banda paulistana tem em suas performances ao vivo um de seus principais trunfos. Tocando um rock psicodélico que flerta com o progressivo, o post-rock e de forma pontual com diversos outros gêneros, eles têm como influências bandas como Beatles, The Who, Pink Floyd e, de forma mais acentuada, de Mutantes e Secos & Molhados; aliás, o próprio timbre do vocalista lembra em certos momentos o de Ney Matogrosso e, em outros (sem demérito algum, diga-se de passagem), o do cantor Ritchie.

Punk Modinha (2’07 - Nananenen)

São Paulo também é uma das referências da banda, fato que aliado ao canto falado de, por exemplo, “Ansiedade e Obsessão”, nos lembra um pouco a Vanguarda Paulista, “movimento” que revigorou a música brasileira na década de 1980, mas que, infelizmente (como era de se esperar), acabou atingindo muito menos público do que deveria.

Ansiedade e Obsessão (2’44 - Nananenen)

Para quem quiser conhecê-los, o último álbum –Nananenen, de 2008- pode ser baixado na íntegra através do site da banda. Talvez num primeiro momento, ele -mas principalmente os EPs mais antigos-, pode soar um pouco estranho para alguns; fato, aliás, que não deveria impedir nem sua audição, muito menos uma possível ida à uma de suas apresentações.

Seremos Nós a Última Geração de Humanos na Terra (4’09 – Nananenen)

Na sequência, Sanguessuga, com a participação de Monique Maion (MonMaion, Die Katzen, EX! e Sunset; este último, uma parceria entre ela e Gustavo Garde, vocalista do Seychelles).

Seychelles [Streaming & Download]

JÚLIA SAYS

“Há muito tempo Júlia tinha vontade de escrever um livro, inventar uma história, mas... achava que não tinha idéias. Às vezes ficava rabiscando no papel, mas nada! Nem o comecinho sequer! Ela só não queria que o seu livro começasse com “Era uma vez...” e terminasse com “... casaram e foram (…) felizes para sempre.”

A Casa das Idéias, de Pedro Veludo.

 

Júlia Says: eletrônica com pegada roqueira (Foto: Pedro Costa) 

Revelação do Rec Beat em 2008,  festival pernambucano que em 2010 completará 15 anos, Júlia Says tem seu nome derivado do livro infantil “A Casa das Idéias”, do escritor português -porém radicado no Brasil- Pedro Veludo. Formada em 2007 por Anthony Diego (bateria e programações) e Pauliño Nunes (guitarra e vocal), o objetivo da dupla pode ser sintetizado pelo trecho acima, ou seja, produzir algo que tente fugir do lugar comum, mantendo uma identidade própria, porém pautando-se sempre pela liberdade de flertar com outros gêneros.

Mohamed Saksak (3’57 – Júlia Says)

Na sequência, Aos Segredos Guardados Pelo Futuro.

Júlia Says [Streaming & Download]

Apesar de ter focado muito mais as bandas que o próprio programa, o importante destes três últimos posts, é fazer coro não apenas com o Edgard, mas também com os inúmeros festivais independentes que pipocaram pelo Brasil na última década, ampliando ainda mais o alcance dessa promoção do que há de interessante no cenário musical brasileiro. Portanto, não importa, necessariamente, que os álbuns dessas bandas soem ou não regulares. O importante, a meu ver, é que devemos, cada vez mais, deixar de ser meros seguidores de conceitos e tendências, e passarmos a cultivar mais seriamente nossa própria safra de artistas; agora, sem xenofobia, é claro.

Salto Alto (2’43 – Júlia Says)

Finalmente, e apenas como incentivo, deixo os links de alguns dos principais festivais independentes do país. Espero que, conhecendo-os, o preconceito que existe em relação às bandas nacionais possa, ao menos, diminuir de intensidade.

Abril Pro Rock (Recife/PE)

Bananada (Goiânia/GO)

Calango (Cuiabá/MT)

Demosul (Londrina/PR)

Jambolada (Uberlândia/MG)

Se Rasgum (Belém/PA)

Goiânia Noise (Goiânia/GO) e SP Noise (São Paulo/SP)

Humaitá Pra Peixe (Rio de Janeiro/RJ)

Porão do Rock (Brasília/DF)

Rec Beat (Recife/PE)

Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes)

Até a próxima!

[ChuckWilsonDB]

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Experimente. Onde: Multishow. Quando: toda terça, 23h. Horários Alternativos: Quarta - 12h, Quinta - 13h30, Sexta – 1h30 e 7h30, Sábado - 18h30 e Segunda - 8h30.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Experimente: 2ª parte

Dando sequência ao meu último post, destaco mais duas bandas que assisti e gostei no Experimente, novo programa de Edgard Piccoli no Multishow: a carioca Rockz e a paulistana Hurtmold.

 

Rockz (Foto: Julia Riff)

O início, digamos, foi meio conturbado. Ao finalizar seu primeiro álbum -porém antes de lançá-lo, é bom dizer-, os caras perderam seu vocalista, alçaram o guitarrista ao posto e foram obrigados a rever todo o repertório e gravá-lo novamente. Com membros experientes que já tocaram ao lado de gente como Lobão e em bandas como Funk Fuckers e Planet Hemp, a banda lançou neste ano o que seria seu primeiro álbum oficial, A Tão Sonhada Bicicleta.

Hare Hare (A Tão Sonhada Bicicleta)

Apesar de uma certa supervalorização, os caras são bons. Para os fãs pode até soar blasfêmico este meu comentário, mas convenhamos, se deparar logo de cara com coisas do tipo “superbanda do rock carioca” (myspace), “mesmo num gesto prosaico como beber água, o vocalista se movimenta como se fosse Jimi Hendrix prestes a incendiar sua guitarra” (last.fm) ou ainda “uma das bandas mais potentes, inteligentes e divertidas do rock atual” (PopMata), causa -pelo menos a princípio-, uma certa má vontade em quem ainda não os conhece. Mas ultrapassada esta barreira inicial, destaco três boas músicas deste quarteto carioca: Tô Planejando, carro-chefe do álbum, cujo registro pode ser conferido abaixo, Divertido e Veloz e a potente Hare Hare.

Rockz no Experimente, novo programa do Edgard no Multishow [Streaming & Download]

hurtmold

A banda se apresentando no Sesc Pompéia, em São Paulo, em agosto deste ano. (Foto: Adriano Moralis)

O Hurtmold já é um velho conhecido nosso. Na estrada desde 1998, eles já têm cinco álbuns lançados: Et Cetera (2000), Cozido (2002), o split Hurtmold/The Eternals (2003), Mestro (2004) e o homônimo Hurtmold, em 2007. Para quem ainda não conhece a banda, ela é taxada por muitos -não que isto importe, na verdade- como sendo de post-rock, gênero que reúne influências de rock alternativo, jazz e também de músicas eletrônica e experimental. Outras bandas que também se enquadrariam no gênero seriam as ótimas Tortoise (EUA), Sigur Rós (Islândia), Mogwai (Escócia) e Godspeed You! Black Emperor (Canadá); cada uma, claro, com suas devidas particularidades.

Sabo (Hurtmold)

Além da parceria com os norte-americanos do The Eternals iniciada em 2003 e que resultou em três turnês pelo Brasil, a banda também já excursionou com o Chicago Underground, de Rob Mazurek. Este fato, aliás, acabou gerando um novo projeto, o São Paulo Underground, banda avant-garde formada em 2005 que já se apresentou em diversos países da Europa e também nos Estados Unidos e Canadá.

Barulho do Ponteiro 2 (The Principle of Intrusive Relationships – São Paulo Underground)

Só como curiosidade, tanto o Hurtmold como o Chicago Underground já se apresentaram por aqui. Isto foi em 2004, no saudoso Londrina Jazz Festival, organizado pela extinta produtora Madame X. Um pouco mais recentemente os caras se transformaram na banda de apoio de Marcelo Camelo, Los Hermanos, em sua carreira solo, participando da gravação do álbum Sou e também de sua turnê de lançamento. Na sequência, música nova: Chavera.

Pela falta de registro da apresentação dos caras no programa do Edgard no YouTube, segue a realizada no MIS, em São Paulo, em março de 2010. [Streaming & Download]

No próximo post, duas outras bandas: Seychelles de São Paulo e Júlia Says, de Recife.

Até a próxima!

[ChuckWilsonDB]

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Experimente. Onde: Multishow. Quando: toda terça, 23h. Horários Alternativos: Quarta - 12h, Quinta - 13h30, Sexta – 1h30 e 7h30, Sábado - 18h30 e Segunda - 8h30.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Experimente

Dias atrás, zapeando do sofá, peguei um pedacinho do Experimente, novo programa de Edgard Piccoli no Multishow. A ideia é simples, mas interessante. De “seu” apartamento, duas bandas já conhecidas do cenário independente são chamadas para bater um papo com o apresentador, tocar para alguns convidados e, ao final, participar de uma jam session, às vezes, bem interessante. Como eu gostei do que vi, resolvi ir em busca de alguns bons registros ao vivo para compartilhar com vocês.

Edgard Piccoli no estúdio do Experimente, no Multishow. (Foto: Divulgação)

A primeira performance é da banda Black Drawing Chalks, de Goiás. Eles tocam um stoner rock com uma pegada setentista e já têm dois álbuns lançados, Big Deal (2007) e Life Is a Big Holiday For Us (2009), ambos pela Monstro Discos. Neste ano, eles foram indicados em três categorias no VMB: Aposta MTV, Rock Alternativo e Videoclip do Ano com My Favorite Ways, música que pode ser conferida na sequência.

Black Drawing Chalks [Ouça e faça download]

O próximo registro é de um power trio pouco usual. Trata-se de Lucy and the Popsonics, uma banda de electro-punk formada por duas pessoas, Fernanda (baixo e vocal) e Pil Popsonic (guitarra), + um mp3 travestido de bateria eletrônica; no caso, Lucy. De início, o maior objetivo era ter passagem livre e bebida de graça nas baladas mais bacanas de Brasília, algo que foi mudando à medida em que passaram a frequentar festivais importantes como o Goiânia Noise, o Planeta Terra e o South by Southwest (Texas/EUA), e excursionar pela Europa. Com apenas dois anos de estrada e um álbum lançado, o “trio” toca Eletronische Musik. Música para se divertir; principalmente, ao vivo.

Lucy and the Popsonics [Ouça e faça download]

Definida pelos integrantes como uma banda paulistana formada por não-paulistanos, o Bazar Pamplona surgiu em 2004 numa república de estudantes da avenida Paulista. Porém, só em 2005, quando finalmente conseguiram fechar a atual formação, que passaram a se considerar, digamos assim, uma banda de verdade. Tendo como principais influências os Beatles, Bob Dylan, Beach Boys e tropicalistas como Os Mutantes, Tom Zé e os primeiros álbuns de Caetano & Gal, talvez esteja aí a explicação para as letras soarem tão criativas e bem humoradas, mas por outro lado, tão despretensiosas. Escutem esta:

 If You Can Sing This Thanks An English Teacher

“Congratulations with your dictionary
Now you know how to spell Coca-Cola
Have a nice day, take care about the Big Stick
And welcome to american way of life
If you can sing this thank an English teacher
[Pay attention on lesson one]
The book is on the table, anytime anywhere you go,
the book is always on the table
The sky is blue and time is money
And the devil is George W. Bush
If you can sing this thank an English teacher
[Peace could be after me]
Yes, we have bananas
lalala la lalala la (2x)
lalala la lalala la (2x)
If you can can sing this thank an English teteteteacher teacher
If you can sing this thank an English teacher (2x)”

Na sequência, Um Recado para Karen Cunha, numa pitoresca performance a La Dylan, com direito a complô contra o baterista ao final da música.

Bazar Pamplona [Ouça e faça download]

.E pra finalizar o post, a propalada jam session entre Black Drawing Chalks e Lucy and the Popsonics. Eles tocam I Want You So Hard do Eagles of Death Metal, mais um dos trabalhos paralelos de Josh Homme, líder do QOTSA e integrante do Them Crooked Vultures.

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No próximo e último post sobre o programa, mais três bandas: Seychelles, Rockz e Hurtmold

Até a próxima!

[ChuckWilsonDB]

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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Villa Lobos em três tempos: última parte

Aqui está o terceiro e último episódio da série Villa-Lobos em três tempos apresentado pela Globonews. A bela maneira do maestro enxergar o Brasil, os sentimentos de Drummond ao saber de sua morte, sua passagem pelo Estado Novo, a interessante (e engraçada) história das Bachianas nº 5 no filme Deus e o Diabo na Terra do Sol e a ligação de Tom Jobim com Villa-Lobos são alguns dos destaques. Participam do episódio os músicos Hamilton de Holanda, Turíbio Santos, Aluisio Didier e Tom Jobim, o maestro John Neschling, o pesquisador Manoel Correa do Lago e o cineasta Walter Lima Jr. Apresentam suas peças, a Petrobras Sinfônica, de Isaac Karabtchevsky, o violoncelista Antonio Meneses, Mônica Salmaso e o Quinteto Villa-Lobos.

“Era um espetáculo. Tinha algo de vento forte na mata, arrancando e fazendo redemoinhar ramos e folhas; caía depois sobre a cidade para bater contra as vidraças, abri-las ou despedaçá-las, espalhando-se pelas casas, derrubando tudo; quando parecia chegado ao fim do mundo, ia abrandando, convertia-se em brisa vesperal, cheia de doçura. Só então se percebia que era música, sempre fora música. Assim é que eu vejo Heitor Villa-Lobos na minha saudade que está apenas começando, ao saber de sua morte, mas que não altera a visão antiga e constante.

Quem o viu um dia comandando o coro de quarenta mil vozes adolescentes, no estádio do Vasco da Gama, não pode esquecê-lo nunca. Era a fúria organizando-se em ritmo, tornando-se melodia e criando a comunhão mais generosa, ardente e purificadora que seria possível conceber.

A multidão em torno vivia uma emoção brasileira e cósmica, estávamos tão unidos uns aos outros, tão participantes e ao mesmo tempo tão individualizados e ricos de nós mesmos, na plenitude de nossa capacidade sensorial, era tão belo e esmagador, que para muitos não havia outro jeito senão chorar, chorar de pura alegria.

Através da cortina de lágrimas, desenhava-se a nevoenta figura do maestro, que captara a essência musical de nosso povo, índios, negros, trabalhadores do eito, caboclos, seresteiros de arrabalde; que lhe juntara ecos e rumores de rios, encostas, grutas, lavouras, jogos infantis, assovios e risadas de capetas folclóricos”.

(Carlos Drummond de Andrade)

E agora, o(s) presente(s) que eu havia prometido (devidamente acompanhados de uma sinopse, mais algumas músicas na íntegra):

 

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Villa-Lobos: Bachianas Brasileiras (Complete)

Sinopse: “O ciclo das nove "Bachianas Brasileiras" exemplificam o caráter antropofágico da obra de Villa-Lobos que intencionou construir uma versão nacional dos Concertos de Brandemburgo, usando ritmos ou formas musicais de várias regiões do Brasil. A motivação para compor as obras do ciclo, de acordo com o próprio Villa-Lobos, foram as semelhanças que encontrou entre músicas folclóricas do sertão brasileiro e a obra do alemão Johann Sebastian Bach.” (Fonte: Arte Esplanada)

CD 1/3

Bachianas Brasileiras No. 1 for Cello Ensemble
1. I. Introduction: Embolada (07:12)
2. II. Preludio: Modinha (08:37)
3. III. Fugue: Conversa (Conversation) (04:16)
Nashville Symphony Orchestra Cellos
Mogrelia, Andrew, Conductor

Bachianas Brasileiras No. 1 for Cello Ensemble: I. Introduction: Embolada (7'12)

Bachianas brasileiras No. 2 for Chamber Orchestra, “O Trenzinho do Caipira”
4. I. Preludio: O Canto do capadocio (Scamp’s Song) (07:10)
5. II. Aria: O Canto da nossa terra (Song of Our Land) (05:50)
6. III. Danza: Lembranca do Sertao (Remembrance of the Bush) (04:54)
7. IV. Toccata: O Trenzinho do Caipira (The Peasant’s Little Train) (04:26)
Nashville Symphony Orchestra
Schermerhorn, Kenneth, Conductor

Bachianas brasileiras No. 2 for Chamber Orchestra, “O Trenzinho do Caipira”: IV. Toccata: O Trenzinho do Caipira (The Peasant’s Little Train) (4'26)

Bachianas Brasileiras No. 3 for Piano and Orchestra
8. I. Preludio: Ponteio (08:32)
9. II. Fantasia: Devaneio (Digression) (07:10)
10. III. Aria: Modinha (08:31)
11. IV. Toccata: Picapau (06:51)
Feghali, Jose, piano
Nashville Symphony Orchestra
Schermerhorn, Kenneth, Conductor

CD 2/3

Bachianas Brasileiras No. 4 for Orchestra
1. I. Preludio: Introducao (07:56)
2. II. Coral: Canto do Sertao (Song of the Bush) (03:45)
3. III. Aria: Cantiga (03:55)
4. IV. Danza: Miudinho (03:56)
Nashville Symphony Orchestra
Schermerhorn, Kenneth, Conductor

Bachianas Brasileiras No. 4 for Orchestra: I. Preludio: Introducao (7'56)

Bachianas Brasileiras No. 5 for Soprano and Cello Ensemble
5. I. Aria: Cantilena (06:23)
6. II. Danza: Martelo (04:32)
Lamosa, Rosana, soprano
Nashville Symphony Orchestra Cellos
Schermerhorn, Kenneth, Conductor

Bachianas Brasileiras No. 5 for Soprano and Cello Ensemble: I. Aria: Cantilena (6'23)

Bachianas Brasileiras No. 6 for Flute and Bassoon
7. I. Aria: Choro (03:39)
8. II. Fantasia (05:27)
Gratton, Erik, flute
Estill, Cynthia, bassoon

CD 3/3

Bachianas Brasileiras No. 7 for Orchestra
1. I. Preludio: Ponteio (07:15)
2. II. Giga: Quadrilha Caipira (Country Quadrille) (05:05)
3. III. Toccata: Desafio (Joust) (07:30)
4. IV. Fuga: Conversa (Conversation) (07:37)
Nashville Symphony Orchestra
Schermerhorn, Kenneth, Conductor

Bachianas Brasileiras No. 7 for Orchestra: I. Preludio: Ponteio (7'15)

Bachianas Brasileiras No. 8 for Orchestra
5. I. Preludio (06:38)
6. II. Aria: Modinha (07:18)
7. III. Toccata: Catira batida (05:56)
8. IV. Fuga (04:56)
Nashville Symphony Orchestra
Schermerhorn, Kenneth, Conductor

Bachianas Brasileiras No. 9 for String Orchestra
9. I. Prelude: Vagaroso e mistico (03:00)
10. II. Fugue: Poco apressado (07:08)
Nashville Symphony Orchestra
Schermerhorn, Kenneth, Conductor

 

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Nelson Freire interpreta Villa-Lobos (Nelson Freire)

Sinopse:A Prole do Bebê (1918, 1921) já foi comparada às Cenas Infantis de Schumann ou ao Children’s Corner de Debussy; comparação que não significa dependência. Obra-prima é o Rudepoema (1926), que o mestre, em 1932, orquestrou.” (Otto Maria Carpeaux, em Uma Nova História da Música, ed. Ediouro)

Rudepoema (17'58)

Complementando o trecho de Carpeaux, acrescento que Rudepoema é a maior e mais difícil obra para piano solo da música brasileira. Ela foi escrita em homenagem ao pianista e amigo pessoal de Villa, Arthur Rubinstein, que dada sua complexidade, nunca a executou (ao menos, não publicamente). Outras pessoas, no entanto, a descobriram mais tarde e a gravaram, como no caso do pianista Roberto Szidon, registro que pode ser conferido no segundo episódio do especial da GloboNews, e de Nelson Freire, que pode ser ouvido neste álbum. É válido ressaltar que Freire é o maior pianista brasileiro da atualidade e um dos mais renomados intérpretes internacionais de Schumann, Brahms e, sobretudo, Chopin; ambos, compositores do século XIX. Ele já atuou em orquestras como a Filarmônica de Berlim e sinfônicas como as de Boston, Londres, Nova Iorque, Paris e São Paulo (Osesp).

A Prole do Bebê Nº 1
01 Branquinha - A Boneca de Louça (2:17)
02 Moreninha - A Boneca de Massa (1:28)
03 Caboclinha - A Boneca de Barro (2:22)
04 Mulatinha - A Boneca de Borracha (1:46)
05 Negrinha - A Boneca de Pão (1:07)
06 A Pobrezinha - A Boneca de Trapo (1:37)
07 O Polichinelo (1:21)
08 Bruxa - A Boneca de Pano (2:25)

09 Prelúdio - Bachianas Brasileiras Nº 4 (3:38)

10 As Três Marias (3:23)

11 Rudepoema (17:58)

 

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Heitor Villa-Lobos por Clara Sverner: Guia Prático Integral para Pianos (Clara Sverner)

Sinopse: “O Guia Prático, elaborado entre 1932 e 1936, ocupa uma posição singular na obra de Villa. Sem dinheiro e, por conta disto, impossibilitado de retornar à Paris, Villa-Lobos formula um projeto de educação musical e o apresenta a diversos políticos em busca de patrocínio. Com o golpe de 1930, Getúlio Vargas toma o poder e o faz viajar pelo Brasil, dando aulas e cursos especializados. A convite da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, assume em 1932 a direção da SEMA (Secretaria de Educação Musical e Artística), período em que é instituído o ensino obrigatório de música nas escolas. Como forma de contribuir com a nova lei, cria o Guia Prático (temas populares harmonizados) e organiza uma orquestra com fins cívicos e educativos. Como reconhecimento, o maestro -e agora educador-, recebe o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Nova York e sai em turnê pelos EUA, onde é aclamado como “o maior compositor das Américas”. O Guia Prático constitui uma notável antologia do cancioneiro infantil brasileiro.” (Fonte: Adaptado de Biscoito Fino)

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Villa-Violão: Obra Completa para Violão Solo de Villa-Lobos (Turíbio Santos)

Sinopse: “Turíbio é considerado pela crítica e pelos especialistas como um dos maiores violonistas clássicos da atualidade. Já gravou 65 álbuns e já dividiu o palco com grandes nomes como Yehudi Menuhin, M. Rostropovitch, Victoria de Los Angeles, J. P. Rampal; e foi acompanhado por orquestras como a Royal Philharmonic, English Chamber, National de France, National de L'Opéra de Monte-Carlo, Sinfônica Brasileira entre outras. Turíbio é membro-fundador do Conseil D'Entraide Musicale, da UNESCO, e também diretor do Museu Villa-Lobos, no Rio de Janeiro”. No álbum encontram-se os Cinco Prelúdios (1940), Choros nº 1 (1920), Doze Estudos (1929) e Suíte Popular Brasileira: Mazurka-Choro (1908), Schottisch-Choro (1908), Valsa-Choro (1912), Gavota-Choro (1912), Chorinho (1923). (Fonte: Adaptado de Turíbio Santos)

 

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Heitor Villa-Lobos: Obra completa para violão solo (Sérgio e Odair Assad – Duo Assad)

Sinopse: “Edição histórica. Antes da consagração como o Duo Assad, Sérgio e Odair Assad gravaram esta obra completa para violão solo de Villa-Lobos. O disco foi brinde de empresa e nunca saiu em CD. Totalmente remasterizado, este álbum sai agora pela Kuarup, mostrando que os dois irmãos já eram gênios mesmo antes do sucesso internacional.” Assim como no álbum anterior, encontram-se os Cinco Prelúdios (1940), Choros nº 1 (1920), Doze Estudos (1929) e Suíte Popular Brasileira: Mazurka-Choro (1908), Schottisch-Choro (1908), Valsa-Choro (1912), Gavota-Choro (1912), Chorinho (1923). (Fonte: Kuarup Música)

 

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Trem Caipira (Egberto Gismonti)

Sinopse: “Leitura pessoal da obra de Heitor Villa-Lobos. Como sempre o multinstrumentista se utiliza de diversos recursos sonoros, diferentes daqueles indicados pelo compositor, mas jamais se afasta da idéia básica da obra. Para os mais puristas pode parecer blasfêmia, mas aqui a criatividade e inventividade falam mais alto.” Estas são as músicas do álbum: Trenzinho do Caipira, Dansa - Movimento da Bachiana nº 4, Bachiana Nº 5, Desejo, Cantiga - Movimento da Bachiana nº 4, Canção do Carreiro, Prelúdio - Movimento da Bachiana nº 4 e Pobre Cega. (Fonte: P.Q.P. Bach)

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E finalmente, para quem quiser encarar, uma caixa sensacional com 06 CDs entitulada Par Lui-Même. Sob a regência do próprio Heitor Villa-Lobos,  a Orchestre de la Radiodiffusion Française executa, dentre outras, as obras Descobrimento do Brasil, as nove Bachianas Brasileiras, Qu’est-ce qu’un Chôros? (Villa-Lobos explicando o que são os chôros) e os Chôros nº 2, 5, 10 e 11. Altamente recomendável. Para quem quiser conferir trechos das músicas, clique aqui.

Par Lui-Même (01/06)
Par Lui-Même (02/06)
Par Lui-Même (03/06)
Par Lui-Même (04/06)
Par Lui-Même (05/06)
Par Lui-Même (06/06)

Gostaria de agradecer ao P.Q.P. Bach, pois é dele os links dos álbuns aqui disponibilizados. Para quem gosta de jazz e, principalmente, de música erudita, ele é sensacional. Sem exagero.

No mais, espero que tenham gostado.

Até a próxima!

[ChuckWilsonDB]

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Villa-Lobos em três tempos

No último dia 17, foi aniversário de morte de Heitor Villa-Lobos, nosso maior compositor e também um dos grandes nomes da música do século XX. Sendo assim, decidi homenageá-lo compartilhando um especial em três episódios apresentado pelo canal GloboNews. No caso, “Villa-Lobos em três tempos”.

Esse negócio de vir inspiração não existe em mim. Eu nasci inspirado já. […] Ou eu faço uma coisa boa ou eu faço uma porcaria. Mas esse negócio de eu procurar inspiração, deixar crescer cabeleira pra ter inspiração, beber… essa coisa… não existe em mim. Eu escrevo quando é preciso.”

(Heitor Villa-Lobos)

O primeiro episódio trata de sua infância, da influência exercida pelos pais e pela tia pianista, por Ernesto Nazareth, os “chorões” e, finalmente, por Bach e Debussy. Trata também de suas viagens pelo país em busca das raízes brasileiras, seu constante trabalho de aproximação entre o popular e o erudito e também sua vida em Paris.

Participam deste capítulo Turíbio Santos, violonista e diretor do Museu Villa-Lobos, o maestro John Neschling, ex-diretor artístico e ex-regente da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), Isaac Karabtchevsky, diretor artístico e regente titular da Orquestra Petrobras Sinfônica, Luiz Paulo Horta, jornalista e crítico musical entre outros nomes ligados à sua música.

Já no segundo episódio, o maestro ultrapassa a lenda que o cerca. Saiba quais foram as impressões que ele deixou naqueles que mergulharam fundo em sua obra e também naqueles que com ele conviveram. Conheça um pouco mais de sua profunda ligação com a música de Johann Sebastian Bach, sua amizade com o pianista Arthur Rubinstein e o esmiuçar das Bachianas nº 4 pelo maestro Isaac Karabtchevsky.

Participam deste capítulo a pesquisadora e autora do livro Villa-Lobos em Paris, Anaïs Flechet, a pianista Miriam Dauelsberg, o próprio Artur Rubinstein, primeiro elo de Villa com a França, o maestro Almeida Prado e, novamente, o crítico musical Luiz Paulo Horta.

Quanto ao terceiro e último episódio da série, ele virá no próximo post juntamente com um presente. Até a próxima.

[ChuckWilsonDB]

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Them Crooked Vultures

Enquanto eu não sento para começar a descrever como foi o último Planeta Terra lá em Sampa, posto aqui o lançamento de um álbum que estou ouvindo pela primeira vez, mas já gostando muito do resultado. Trata-se do primeiro trabalho, homônimo, do "Them Crooked Vultures", banda formada por Josh Homme (Queens of the Stone Age, Eagles of Death Metal) no vocal, John Paul Jones (ex-Led Zeppelin) no baixo e Dave Grohl (ex-Nirvana e, atualmente, líder do Foo Fighters) na bateria.

(Foto: Reprodução)

O álbum integral foi liberado para streaming no site oficial da banda, mas eu o deixo aqui para poupar trabalho. Antes de ouvi-lo, no entanto, vale a pena dar uma sacada no trabalho dos caras em estúdio:

O lançamento oficial acontece no dia 17 de novembro, próxima terça-feira, nos sites da banda e da Amazon:

Tracklist:

1. No One Loves Me & Neither Do I
2. Mind Eraser, No Chaser
3. New Fang
4. Dead End Friends
5. Elephants
6. Scumbag Blues
7. Bandoliers
8. Reptiles
9. Interlude With Ludes
10. Warsaw or The First Breath You Take After You Give Up
11. Caligulove
12. Gunman
13. Spinning In Daffodils

Para quem curtiu, dois álbuns essenciais:

 Image Hosted by ImageShack.usQueens of the Stone Age: Songs for the Deaf (2002)

Image Hosted by ImageShack.usEagles of Death Metal: Death by Sex (2006)

 

http://www.themcrookedvultures.com/

[ChuckWilsonDB]

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Planeta Terra 2009: finalmente!

Consolidado como um dos maiores festivais do país, a edição deste ano do Planeta Terra Festival acontecerá amanhã, dia 7 de novembro, no Playcenter em São Paulo. As atrações, 14 ao total, estarão divididas em dois palcos, conforme segue:

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SONORA MAIN STAGE

(clique sobre os links para conhecer melhor cada banda)

16:00 - 17:00 - Macaco Bong

17:30 - 18:30 - Móveis Coloniais de Acaju

19:00 - 20:00 - Maxïmo Park

20:30 - 21:45 - Primal Scream

22:00 - 23:30 - Sonic Youth

00:00 - 01:30 - Iggy and The Stooges

02:00 - 03:00 - Etienne de Crécy (live act)

 

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COCA-COLA ZERO STAGE

17:00 - 17:45 - Fuja Lourdes (vencedora do concurso Hit Zero)

18:00 - 19:00 - Ex!

19:30 - 20:30 - Copacabana Club

21:00 - 22:00 - Patrick Wolf

22:30 - 23:40 – Metronomy

00:00 - 01:00 - The Ting Tings

01:30 - 02:30 - N.A.S.A.

03:00 - 04:00 - Anthony Rother (live act)

 

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INFORMAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O FESTIVAL


LOCAL

O Playcenter fica localizado na Rua José Gomes Falcão, 20, no bairro da Barra Funda. Para quem optar por ir de carro, haverá estacionamento no local e transfer até a entrada do evento. Também haverá serviço de táxi disponível.

Iggy Pop (Foto: Guy Eppel, Flickr)


ENTRADA

A abertura dos portões ocorrerá às 14h e os brinquedos do parque começarão a funcionar a partir deste horário. Verifique em seu ingresso por qual dos portões você irá entrar, se pelo portão "P1" ou "P2". Para ingressar no Playcenter será obrigatório apresentar um documento original com foto. No caso de estudantes, também será necessário a carteira de estudante com data de validade (ou um comprovante de matrícula de 2009), além de um documento original com foto.

Clique sobre o link e conheça mais detalhes sobre como chegar (de carro ou de ônibus) ao local do evento.


O QUE SERÁ E O QUE NÃO SERÁ PERMITIDO

Câmeras fotográficas estão liberadas. Porém é proibida a entrada de gravadores e filmadoras e também está vetada a entrada de quaisquer tipos de arma, caixa, foguete, objeto pontiagudo (de vidro, plástico ou metal), assim como bebidas e alimentos. A censura é 18 anos.

Sonic Youth (Foto: wrappedupinbooks, Flickr)


BRINQUEDOS EM FUNCIONAMENTO

Cataclisma, Evolution, Wave Swinger, Barco Viking, Swing Dance, Waimes, Monga, Boomerang, Double Shock, Looping Star, Turbo Drop, Windstorm, Auto Pista, Tattoo Mania e Sky Coaster (este último, no entanto, será cobrado a parte - R$ 79,80 o vôo triplo).

Primal Scream (Foto: Quique López, Flickr)


FIQUE POR DENTRO


 Fã de São Paulo, guitarrista do Sonic Youth fala da apresentação. [Leia]

"Vou fazer esse show valer a pena", afirma Iggy Pop. [Leia]

Iggy and The Stooges fazem ensaios secretos para o Planeta Terra em São Paulo. [Leia]

Primal Scream é um dos maiores nomes do rock escocês. [Leia]

Maxïmo Park revitalizou pós-punk no Reino Unido. [Leia]

Móveis Coloniais de Acaju: "Queremos impressionar quem não nos conhece" [Leia]

Trio do Macaco Bong mostra rock instrumental com peso. [Leia]

Estacionamentos para o Planeta Terra terão 2 mil vagas. [Leia]

Confira o Planeta Terra Festival 2009 ao vivo no Terra TV [Leia]

 

 

Maxïmo Park (Foto: Guy Eppel, Flickr)

__________________
Planeta Terra Festival 2009. Onde: Playcenter (r. Rua José Gomes Falcão, 20, Barra Funda, São Paulo, SP). Quando: sábado, 07/11, a partir das 14h. Informações sobre ingressos: Ticketmaster ou pelo Call Center 0++/11/2846-6000.

[ChuckWilsonDB]

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Osgemeos: abertura da mostra

Conforme mencionei no meu penúltimo post, estreou no dia 25/10, a mostra "Vertigem", dos artistas plásticos e grafiteiros Gustavo e Otávio Pandolfo, mais conhecidos como "osgemeos". Como vocês poderão conferir na matéria do Metrópolis, o MAB lotou, porém com um público bem diferente daquele que, normalmente, costuma frequentar galerias e museus. O que talvez explique esse ecletismo, seja a crescente exposição dos trabalhos d´osgemeos na mídia, o caráter urbano do que eles produzem, além dos aspectos lúdico, onírico e, principalmente, interativo de suas obras. Claro, claro, sem contar o talento dos caras que, diga-se de passagem, é inquestionável.

E a trilha da exposição ficou a cargo do ex-Mestre Ambrósio e amigo pessoal da dupla, Siba, que se apresentou com sua nova banda, "Siba e a Fuloresta", o que deu um caráter ainda mais pitoresco à abertura. A mostra, que vai até o dia 13 de dezembro, faz um apanhado geral da carreira dos artistas, porém, trazendo duas instalações inéditas; no caso, “O Pássaro” e  “O Farol”, criadas especialmente para o espaço da Faap. Veja como foi a abertura:

O Metrópolis é exibido pela TV Cultura de 2ª a 6ª às 21h40

__________________
Onde: MAB (r. Alagoas, 903, Higienópolis, tel. 0++/11/3662-7198, São Paulo). Quando: de terça a sexta, das 10h às 20h, e sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h. A entrada é grátis. [como chegar]

Ainda em busca de opções

Confesso que a notícia de que eu só vou ficar 12h a mais em São Paulo, acabou cortando um pouco meu barato, mas enfim, vamos ver o que é possível fazer nesse meio tempo. Bom, caso a gente fique até as 4h no Playcenter, local dos shows, eu ainda vou ter que enrolar mais duas horas até a abertura da primeira opção que me veio à cabeça: o Mercado Municipal.

Qualquer semelhança com o Teatro Municipal não é mera coincidência. O escritório Francisco Ramos de Azevedo, responsável pela construção do mercadão, também assinou o projeto do teatro. (Foto: Reprodução - NossaCozinha)

Segundo consta, o mercadão só foi inaugurado em 1933, por conta de um fato relevante da nossa história: a Revolução de 1932. Fato, aliás, que o obrigou a se transformar num paiol de armas, no que seria o seu primeiro ano de atividade. Trinta anos depois, assim que a CEAGESP foi criada, ele sofreu um declínio que só foi, definitivamente, suplantado em 2004, data da última reforma. Reforma esta, que conseguiu resgatar toda a antiga opulência dos tempos do café, época em que São Paulo ainda estava no seu primeiro milhão de habitantes.

Mercadão Paulistano: corredores inspirados. (Foto: Paula FJ at Flickr)

Armadilha para chefs (profissionais ou não). (Foto: Mário Marques at Flickr)

Difícil não gostar. (Foto: A r o l d o at Flickr)

O Bar do Mané -responsável por tornar famoso, ainda em 1979, o sanduiche de mortadela do mercadão- funciona todos os dias, até as 17h. (Foto: Danilo Ferreira, Cenas da Cidade)

O sanduíche de mortadela do Bar do Mané (Foto: Danilo Ferreira, Cenas da Cidade)

O Mercado Municipal Paulistano fica na r. da Cantareira, 306, Parque D. Pedro II, Centro. Funciona de segunda a sábado das 6h às 18h e nos domingos e feriados, das 6h às 16h. [como chegar]

Outro lugar bem bacana, que provavelmente não vai rolar, é a Feira de Artes e Artesanato da Praça da Liberdade, mais conhecida como “Feirinha da Liberdade”. Funcionando desde 1975, ela é considerada a segunda maior feira de artesanato da cidade de São Paulo. Atualmente ela possui cerca de 240 barracas, onde é possível encontrar produtos ligados tanto à cultura oriental, quanto à brasileira –se bem que, no caso desta, em menor quantidade, claro.

A Feirinha da Liberdade funciona aos sábados das 9h às 18h e aos domingos das 10h às 19h. (Foto: Afonso Oliva at Flickr) 

Feirinha da Liberdade [como chegar]. (Foto: Samucaº at Flickr)

O ”Beco do Batman”, lá na Vila Madalena, também seria um passeio bem bacana, caso o tempo não fosse tão escasso. A r. Gonçalo Afonso, seu verdadeiro nome, é um tradicional reduto do grafite paulistano, ultimamente, bastante requisitado pelos gringos (e cada vez mais também por brasileiros) como destino turístico. Isto, aliás, como reflexo do reconhecimento do nosso grafite lá fora e também do crescente interesse pela Street Art no mundo.

A r. Gonçalo Afonso, ou o "Beco do Batman", fica no início da r. Harmonia. Outra sugestão seria o "Beco das Cores", bem próximo dali, com entrada pela r. Belmiro Braga. (Foto: Reprodução - Coisas de São Paulo)

E só pra mencionar, já que nem se eu tivesse tempo daria para visitá-la –já que ela não abre aos domingos-, a Fortes Vilaça é uma galeria que tem como foco artistas contemporâneos como, por exemplo, os irmãos Pandolfo, Vik Muniz, Beatriz Milhazes, Ernesto Neto e Luiz Zerbini. Ah, ela também fica na Vila Madalena que, aliás, tem mais um monte de coisas legais, desde bares, restaurantes, lojas, galerias, enfim, como pra mim não vai dar, que dê pra alguém. É isso aí!

 

A Galeria Fortes Vilaça fica na r. Fradique Coutinho, 1500 e funciona de terça a sexta, das 10h às 19h e aos sábados, das 10h às 17. (Foto: Ana Carmen at Flickr) [como chegar]

[ChuckWilsonDB]

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

GAP/PR: Feira de adoção de animais

O GAP/PR (Grupo de Apoio à Proteção Animal para Londrina e Região) realiza neste final de semana, duas feiras de adoção de animais em Londrina. A primeira apenas com filhotes, na Pet Shop Pom Pom, e a segunda, com filhotes e adultos, no Mercado Shangri-lá.

A organização da entidade receberá doações de ração, medicamentos, casinhas, cobertores e potes de alimentação. Para adotar é preciso ser maior de 18 anos, levar coleira ou caixa de transporte para a retirada do animal, documento e comprovante de residência.


Costelinha assim que o encontramos:
sujo e com a pata quebrada

Sobre o GAP

A princípio tratava-se de protetores independentes de diversas cidades do Paraná que se conheceram pela internet, compartilhando experiências e necessidades. Atualmente conta com associados de Londrina, Cambé, Bandeirantes, Jaguapitã, Ibiporã e Santo Antônio da Platina, ambas no Paraná, de Ubatuba, no estado de São Paulo, e até de fora do Brasil. Sua atuação concentra-se, principalmente, em sua comunidade no Orkut, denominada "GRUPO DE APOIO - GAP/PR", e em seu site.


Algumas semanas mais tarde

O GAP tem como propósito trabalhar pelo bem estar dos animais por meio de atividades de educação, conscientização, diminuição de maus tratos e do abandono nas vias públicas. Ele atua em conjunto com a sociedade, visando a disseminação da posse responsável e do respeito. Suas principais atividades são a procura de lares temporários e definitivos, apoio e orientação a protetores, orientação nas denúncias sobre crueldade e campanhas de conscientização.


Costelinha hoje

"O GAP não recolhe animais, nem possui abrigos. Ele trabalha, justamente, para que o mundo não precise dessas instituições."

__________________
Feira de Filhotes. Onde: Pet Shop Pom Pom (av. São João, 2580, tel. 0++/43/3336-7375, Londrina). Quando: sábado, 31/10, das 10h às 14h.

Feira de Adultos e Filhotes. Onde: Mercado Municipal Shangri-lá (r. Visconde de Mauá, 168, Shangri-lá, Londrina). Quando: domingo, 01/11, das 9h às 12h.

Saiba mais - E-mail: contato@gappr.com.br - Site: www.gappr.com.br

[ChuckWilsonDB]

domingo, 25 de outubro de 2009

Um dia a mais na capital paulista

Normalmente quando embarco para São Paulo, minha estada é relâmpago. É raro ultrapassar um dia, um dia e meio. Da última vez, por exemplo, eu e um grupo de amigos saímos cedo daqui de Londrina e fomos à Chácara do Jockey, onde assistimos aos shows de Los Hermanos, Kraftwerk e Radiohead. No entanto, tão logo a banda inglesa tocou os últimos acordes de Creep -terceiro bis, diga-se de passagem-, já nos preparávamos para voltar a Castelo.


Bom, mas pelo tudo indica, isto não deve acontecer novamente. Pelo menos, não tão rápido. Isto porque desta vez, é muito provável que eu consiga ficar na capital paulista até o dia seguinte ao do Planeta Terra. Sendo assim, estou em busca de algumas dicas para aproveitar melhor minha estada. A primeira eu já consegui. Trata-se de uma exposição que vai ocorrer no MAB (Museu de Arte Brasileira da Faap), a Mostra “Vertigem”, produzida pelos artistas plásticos e grafiteiros Gustavo e Otávio Pandolfo, mais conhecidos como “osgemeos”.

Para quem ainda não os conhece, eles são os nossos mais respeitados representantes da Street Art no exterior, com trabalhos expostos em galerias como a Deitch Projects, uma das mais conceituadas de Nova Iorque -responsáveis, inclusive, pelos trabalhos de Keith Haring e Jean-Michel Basquiat-, e no museu britânico de arte moderna, o Tate Modern. Um de seus trabalhos mais inusitados foi a grafitagem realizada no Kelburn Castle, um castelo do século XIII na Escócia, juntamente com mais dois expoentes do grafite brasileiro, Nunca e Nina.

O Metrópolis é exibido pela TV Cultura de 2ª a 6ª às 21h40

Além das peças expostas em Curitiba e no Rio de Janeiro, a mostra também apresentará obras exclusivamente concebidas para o espaço da Faap. A exposição começa hoje, 25 de outubro, e vai até o dia 13 de dezembro.
__________________
Onde: MAB (r. Alagoas, 903, Higienópolis, tel. 0++/11/3662-7198, São Paulo). Quando: de terça a sexta, das 10h às 20h, e sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h. A entrada é grátis.

[ChuckWilsonDB]

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

O bom e velho Iggy and The Stooges

Quando foi anunciado o Claro que é Rock em 2005, eu já havia comprado o ingresso para o Tim Festival que, na ocasião, traria The Strokes, Kings of Leon, The Arcade Fire, M.I.A. e Mundo Livre S/A para o Anhembi. Como eu iria com um grupo de amigos e o ingresso não era dos mais baratos, não foi possível encarar os dois festivais de uma vez - ainda mais porque a viagem ficaria muito mais cara indo sozinho. Resultado: não pude invadir o palco dos Stooges, reclamar do som no show do Sonic Youth, socar (no melhor dos sentidos) a bolha transparente do Wayne Coyne, nem curtir o "industrial" do Trent Reznor. Ah... E ainda tinha a Nação Zumbi e o Fantomas, do nosso amigo Mike Patton - que estranhamente também estará em São Paulo no mesmo dia 07 de novembro, só que com o Faith no More.


Wayne Coyne, do Flaming Lips, no Claro que é Rock 2005.
[Crédito: Marcos Hermes at whiplash.net]

Mas depois de muito falatório e uma demora preocupante para a definição do line-up do Planeta Terra deste ano, finalmente, os caras anunciaram as duas atrações que, a meu ver, já valem o festival: Iggy and the Stooges e Sonic Youth. Uma espécie de redenção pessoal, já que eu perdi a oportunidade de vê-los, e também um muito bem vindo revival do que foi o Claro que é Rock em 2005. Exagero? Não creio. Sacanagem com a memória do Tim 2005? Afinal, o show do Arcade Fire foi sensacional. Talvez. Mas e daí?


Arcade Fire no Tim Festival 2005. Anhembi, São Paulo.
[Crédito: "flaviadurante" at Flickr]

Bom, mas apesar da importância do Sonic Youth para o rock dito alternativo, e mesmo para mim como fã, peço licença para me focar apenas nos Stooges desta vez; estes, sem dúvida alguma, responsáveis por algumas das histórias mais interessantes e, por que não?, tragicômicas, não só da chamada Blank Generation, como do próprio rock´n´roll. Como, por exemplo, o episódio em que Iggy se encontra com Wayne Kramer após o término da banda do ex-líder do MC5. Época em que este estava brigado com os demais ex-integrantes e que, no sentido de completar o vazio dessa perda, da vida no MC5, acabou por se tornar bandido e traficante.


Sonic Youth

Por conta de uma antiga dívida que Iggy contraiu quando os dois começaram a traficar juntos - pouca coisa, algo como US$ 200 aproximadamente -, Kramer o encontrou acompanhado de um capanga (ele tinha receio que Scoth Asheton interferisse) no hotel onde os Stooges estavam hospedados. Apesar de ter refrescado a memória do Iguana quanto à dívida, o "combinado" seria que a grana de Iggy seria trocada por heroína. No entanto, ao entregar o dinheiro, Kramer disse algo mais ou menos assim: "Estamos quites, agora!" O quê? Quer dizer que não tem droga?, teria perguntado um Iggy atônito. "Não", teria sido a resposta. Iggy então começa a chorar, quando o capanga de Kramer, comovido, o abraça e diz algo como: "Calma irmão, são apenas drogas. Não fica assim."


Iggy and The Stooges com James Williamson e Scott Thurston.

Ou então outros episódios antológicos como o show que antecedeu a gravação do Metallic K.O. no Michigan Palace, último show da carreira da banda até então. Dias antes, Iggy entraria em conflito com um grupo de motoqueiros durante uma apresentação e saltaria do palco vestido de bailarina em direção ao cara que mais o importunava na platéia. Acabou surrado - o que em qualquer outro caso, teria acabado imediatamente com o show. Mas não, não com os Stooges.

Recuperado, segundo o próprio Iggy Pop em depoimento a Legs McNeill e Gillian McCain no livro "Mate-me Por Favor" (ed. L&PM), ele volta ao palco e, junto com a banda, tocam uma versão gigantesca de "Louie, Louie" (segundo Lester Bangs, de mais de 40 minutos), alternando os versos originais com outros improvisados e repletos de xingamentos direcionados aos caras que, além de retribuirem a gentileza, somaram à ela uma saraivada de garrafas e outros objetos que foram jogados ao palco. Ah... É válido ressaltar que na versão de Bangs em seu livro "Reações Psicóticas" (Psychotic Reactions and Carburetor Dung), da ed. Conrad, a ordem dos fatores não é exatamente a mesma.

Mas enfim, foi somente com a vinda da polícia que o show, finalmente, acabou. Porém, não, não é o fim da história. Ainda não satisfeito, o Iguana vai à uma estação de rádio local (não exatamente na sequência) e faz uma nova provocação aos motoqueiros que, segundo Bangs, é respondida por meio de um telefonema: caso o tal show do Michigan Palace ocorresse, os Stooges seriam mortos pela gangue. Resumindo, o show acabou acontecendo e uma nova batalha foi travada, já que a banda foi acompanhada desta vez de sua própria gangue de motoqueiros que ali mesmo do palco, rivalizou com a platéia durante todo o show. E não, ninguém morreu.


Iggy Pop: Quem precisa de bolha, Wayne?!

Agora... Engana-se quem pensa que eles nunca mais teriam problemas com motoqueiros. Por alguma razão, Scott Asheton acabou contraindo uma dívida que os obrigou a transformar a Fun House numa verdadeira fortaleza, com tapumes em portas e janelas (que eram devidamente arrancados e recolocados à medida que entravam e saiam da casa) e recheado de armas como medida de segurança - que, aliás, acabou se mostrando desnecessária, já que eles nunca apareceram para cobrá-la. Por conta disto, e já que o prédio seria demolido pelo município, não perderam a viagem. Descarregaram todas elas na casa mesmo, adiantando parte do serviço.

É, realmente o que os caras mais têm são histórias. E das boas. Histórias estas que podem ser conferidas nesses dois livros citados a pouco: "Mate-me Por Favor" e "Reações Psicóticas". Ambos, aliás, podem ser encontrados facilmente em qualquer grande livraria como Saraiva, Cultura ou FNAC. Ah, detalhe: o "Mate-me Por Favor" foi desmembrado em dois volumes pela L&PM e transformado numa versão pocket, porém sem prejuízo ao texto que ainda permanece integral.

Em suma, se a apresentação dos Stooges for como de costume, podemos esperar grandes momentos deste festival. E isto, independentemente, da baita falta que fará o grande Ron Asheton, falecido recentemente e substituído pelo ex-guitarrista dos Stooges, James Williamson, co-autor de Raw Power juntamente com Iggy Pop. Aliás, justamente por isso, é que poderemos rever a íntegra desse grande álbum. Uma ironia, mas enfim...



Iggy and The Stooges no Claro que é Rock 2005. Chácara do Jockey, São Paulo.


[ChuckWilsonDroogieBoy]