Minha última passagem por São Paulo, como não podia deixar de ser, foi fantástica em alguns aspectos, frustrante em outros. Fantástica, pois numa mesma noite assisti a dois shows sensacionais que eu já havia perdido em 2005, no Claro que é Rock, e que pensei que jamais teria a oportunidade de vê-los juntos novamente -ao menos, não no Brasil: Sonic Youth e o lendário Iggy and the Stooges.
Ah, claro! Tiveram outros -afinal de contas, era um festival. E alguns muito bons como no caso dos brasileiros EX! (SP), Macaco Bong (MT) e Móveis Coloniais de Acaju (DF) -que, diga-se de passagem, eu perdi por ter não ter conseguido chegar a tempo no Playcenter, local dos shows-; dos britânicos Primal Scream -mornos na ocasião-, Maxïmo Park e Patrick Wolf; do mezzo brasileiro N.A.S.A. e dos DJs Anthony Rother (Alemanha) e Etienne de Crécy (França).
Kim Gordon (Sonic Youth) rodopiando no palco: entusiasmo de adolescente (Foto: Reinaldo Marques - Terra)
Mas nada que rivalizasse com os dois -e mais um terceiro que vocês logo saberão qual é- que nos proporcionaram momentos antológicos como o tombo -ou o quase-tombo da onde eu estava- da Kim Gordon no palco, desequilibrada pelos rodopios infantis -e alucinados- de quem estava satisfeita por estar onde estava; a invasão de um centena de fãs ensandecidos a pedido de um Iguana igualmente insano que do alto dos seus 62 anos, com sua lordose a tiracolo e seu saracoteio tradicional, viu mais tarde serem expulsos com truculência pelos seguranças que não pouparam sequer os fotógrafos que, assim como eles, estavam ali a trabalho; ou ainda sua já famosa bunda de fora ao final do show com a sensacional Lust for Life (ouça abaixo – 4’40) que os menos desavisados devem conhecer da trilha de Trainspotting.
Fãs atendendo ao pedido de um “solitário” Iggy Pop no palco: “I’m alone” - reparem que eu apareço bem no meio da gravação (Vídeo: CWDB)
E ainda houve tempo para uma segunda invasão -igualmente animada, porém desta vez pacífica-, e justamente no palco da tal terceira opção mencionada a pouco, o N.A.S.A. (North America South America), grupo formado pelo produtor Sam Spiegel -irmão do cineasta norte-americano Spike Jonze- e pelo ex-Planet Hemp DJ Zegon. O show, com seus samplers, robôs e alienígenas b.boys, acabou superando minhas expectativas e, juntamente com Iggy e seus “patetas” e o Sonic Youth, figurou entre os pontos altos do festival -dos que eu pude conferir, obviamente. Isto sem contar o próprio Playcenter, com seus brinquedos liberados, sua bem estruturada praça de alimentação e suas grandes filas molhadas pela chuva -às vezes fina, noutras nem tanto- que insistiu em cair durante boa parte do festival.
Assista com ou sem legendas.
Terminado o festival -não antes de andar em pelo menos dois dos brinquedos-, nos juntamos, pegamos um táxi e voltamos ao hotel que ficava quase encostado ao Playcenter. Pegamos um taxista com cara de poucos amigos -talvez por conta do valor da corrida, inexpressivo pela distância- e fomos embora. Cheguei, empacotei, mas não antes de ajustar o despertador do celular para me acordar algumas poucas horas mais tarde -umas duas ou três mais ou menos. Afinal, um sanduíche de mortadela me aguardava ansioso no mercadão.
Qualquer semelhança com o Teatro Municipal não é mera coincidência. O escritório Francisco Ramos de Azevedo, responsável pela construção do mercadão, também assinou o projeto do teatro. (Fonte: Reprodução - NossaCozinha)
E é justamente aí que reside a minha frustração. Pois apesar dos shows memoráveis, do parque de diversões, das companhias agradáveis e da minha quase-invasão de palco no show dos Stooges -já que eu apenas pulei a grade e fiquei no fosso junto aos fotógrafos, visto que, naquela altura, os seguranças já estavam distribuindo sopapos em quem quer que se atrevesse a cruzar seus caminhos-, minha estada havia sido reduzida para antes do almoço, mesmo tendo todo o domingo pela frente e estando a apenas oito míseras horas de distância de Londrina; e isto de ônibus!
O famoso sanduíche de mortadela do mercadão em São Paulo (Foto: Reprodução – Seu Restaurante)
Frustrado -pero no mucho, já que na volta pra casa esbarramos com o Sonic Youth no Hilton-, fui obrigado a adiar mais uma vez o sanduíche de mortadela do Bar do Mané no mercadão e, pior, deixei de conferir a tão aguardada exposição d’osgemeos no MAB (Museu de Arte Brasileira da Faap). Aliás, para quem ainda não os conhece, são dois gêmeos idênticos, grafiteiros e artistas plásticos, que extrapolaram os muros paulistanos e passaram a expor/grafitar nos principais museus e galerias de arte do mundo, como o Tate Modern em Londres, a Deitch Projects em Nova York e, pasmem, até num importante castelo escocês.
Os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo (Foto: Reprodução - Galeria Fortes Villaça)
E é por isto que no(s) próximo(s) posts eu irei apresentar os resultados dos meus passeios pelos mercadões aqui de Londrina. E isto pra ver em que pé estão; se relegados à própria sorte ou se estão conseguindo se adaptar às exigências de seus frequentadores; normalmente, mais exigentes do que a média. Ao menos pra compensar parte da minha mezzo frustração, já que nem a capital paulista deve receber, tão cedo, outra mostra parecida como a apresentada pelos irmãos Pandolfo no MAB. Fazer o quê?
Até a próxima! :)
[ChuckWilsonDB]
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Saiba mais:
O bom e velho Iggy and the Stooges [Leia]
Planeta Terra 2009: finalmente! [Leia]
Um dia a mais na capital paulista [Leia]
Osgemeos: abertura da mostra [Leia]
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Veja também:
Nosso providencial esbarrão com o Sonic Youth e o Copacabana Club no Hilton Hotel (Vídeo: CWDB)
Nosso grupo de volta ao micro-ônibus – Rumo à Londrina (Vídeo: CWDB)
Um comentário:
ah... adorei matar saudades!! hahah
massa o seu blog!!!!
será q esse ano teremos +? EU QUEROOOO!!! rs
bjosss.
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