terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Música com sanduíche de mortadela

Minha última passagem por São Paulo, como não podia deixar de ser, foi fantástica em alguns aspectos, frustrante em outros. Fantástica, pois numa mesma noite assisti a dois shows sensacionais que eu já havia perdido em 2005, no Claro que é Rock, e que pensei que jamais teria a oportunidade de vê-los juntos novamente -ao menos, não no Brasil: Sonic Youth e o lendário Iggy and the Stooges.

Ah, claro! Tiveram outros -afinal de contas, era um festival. E alguns muito bons como no caso dos brasileiros EX! (SP), Macaco Bong (MT) e Móveis Coloniais de Acaju (DF) -que, diga-se de passagem, eu perdi por ter não ter conseguido chegar a tempo no Playcenter, local dos shows-; dos britânicos Primal Scream -mornos na ocasião-, Maxïmo Park e Patrick Wolf; do mezzo brasileiro N.A.S.A. e dos DJs Anthony Rother (Alemanha) e Etienne de Crécy (França).

Kim Gordon (Sonic Youth) rodopiando no palco: entusiasmo de adolescente (Foto: Reinaldo Marques - Terra)

Mas nada que rivalizasse com os dois -e mais um terceiro que vocês logo saberão qual é- que nos proporcionaram momentos antológicos como o tombo -ou o quase-tombo da onde eu estava- da Kim Gordon no palco, desequilibrada pelos rodopios infantis -e alucinados- de quem estava satisfeita por estar onde estava; a invasão de um centena de fãs ensandecidos a pedido de um Iguana igualmente insano que do alto dos seus 62 anos, com sua lordose a tiracolo e seu saracoteio tradicional, viu mais tarde serem expulsos com truculência pelos seguranças que não pouparam sequer os fotógrafos que, assim como eles, estavam ali a trabalho; ou ainda sua já famosa bunda de fora ao final do show com a sensacional Lust for Life (ouça abaixo – 4’40) que os menos desavisados devem conhecer da trilha de Trainspotting.

Fãs atendendo ao pedido de um “solitário” Iggy Pop no palco: “I’m alone” - reparem que eu apareço bem no meio da gravação (Vídeo: CWDB)

E ainda houve tempo para uma segunda invasão -igualmente animada, porém desta vez pacífica-, e justamente no palco da tal terceira opção mencionada a pouco, o N.A.S.A. (North America South America), grupo formado pelo produtor Sam Spiegel -irmão do cineasta norte-americano Spike Jonze- e pelo ex-Planet Hemp DJ Zegon. O show, com seus samplers, robôs e alienígenas b.boys, acabou superando minhas expectativas e, juntamente com Iggy e seus “patetas” e o Sonic Youth, figurou entre os pontos altos do festival -dos que eu pude conferir, obviamente. Isto sem contar o próprio Playcenter, com seus brinquedos liberados, sua bem estruturada praça de alimentação e suas grandes filas molhadas pela chuva -às vezes fina, noutras nem tanto- que insistiu em cair durante boa parte do festival.

Assista com ou sem legendas.

Terminado o festival -não antes de andar em pelo menos dois dos brinquedos-, nos juntamos, pegamos um táxi e voltamos ao hotel que ficava quase encostado ao Playcenter. Pegamos um taxista com cara de poucos amigos -talvez por conta do valor da corrida, inexpressivo pela distância- e fomos embora. Cheguei, empacotei, mas não antes de ajustar o despertador do celular para me acordar algumas poucas horas mais tarde -umas duas ou três mais ou menos. Afinal, um sanduíche de mortadela me aguardava ansioso no mercadão.

Qualquer semelhança com o Teatro Municipal não é mera coincidência. O escritório Francisco Ramos de Azevedo, responsável pela construção do mercadão, também assinou o projeto do teatro. (Fonte: Reprodução - NossaCozinha)

E é justamente aí que reside a minha frustração. Pois apesar dos shows memoráveis, do parque de diversões, das companhias agradáveis e da minha quase-invasão de palco no show dos Stooges -já que eu apenas pulei a grade e fiquei no fosso junto aos fotógrafos, visto que, naquela altura, os seguranças já estavam distribuindo sopapos em quem quer que se atrevesse a cruzar seus caminhos-, minha estada havia sido reduzida para antes do almoço, mesmo tendo todo o domingo pela frente e estando a apenas oito míseras horas de distância de Londrina; e isto de ônibus!

O famoso sanduíche de mortadela do mercadão em São Paulo (Foto: Reprodução – Seu Restaurante)

Frustrado -pero no mucho, já que na volta pra casa esbarramos com o Sonic Youth no Hilton-, fui obrigado a adiar mais uma vez o sanduíche de mortadela do Bar do Mané no mercadão e, pior, deixei de conferir a tão aguardada exposição d’osgemeos no MAB (Museu de Arte Brasileira da Faap). Aliás, para quem ainda não os conhece, são dois gêmeos idênticos, grafiteiros e artistas plásticos, que extrapolaram os muros paulistanos e passaram a expor/grafitar nos principais museus e galerias de arte do mundo, como o Tate Modern em Londres, a Deitch Projects em Nova York e, pasmem, até num importante castelo escocês.

Os irmãos Otávio e Gustavo Pandolfo (Foto: Reprodução - Galeria Fortes Villaça)

E é por isto que no(s) próximo(s) posts eu irei apresentar os resultados dos meus passeios pelos mercadões aqui de Londrina. E isto pra ver em que pé estão; se relegados à própria sorte ou se estão conseguindo se adaptar às exigências de seus frequentadores; normalmente, mais exigentes do que a média. Ao menos pra compensar parte da minha mezzo frustração, já que nem a capital paulista deve receber, tão cedo, outra mostra parecida como a apresentada pelos irmãos Pandolfo no MAB. Fazer o quê?

Até a próxima! :)

[ChuckWilsonDB]

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Saiba mais:

O bom e velho Iggy and the Stooges [Leia]

Planeta Terra 2009: finalmente! [Leia]

Um dia a mais na capital paulista [Leia]

Osgemeos: abertura da mostra [Leia]

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Veja também:

Nosso providencial esbarrão com o Sonic Youth e o Copacabana Club no Hilton Hotel (Vídeo: CWDB)

Nosso grupo de volta ao micro-ônibus – Rumo à Londrina (Vídeo: CWDB)

Um comentário:

Juliana disse...

ah... adorei matar saudades!! hahah
massa o seu blog!!!!
será q esse ano teremos +? EU QUEROOOO!!! rs
bjosss.

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