terça-feira, 13 de abril de 2010

Os 60 anos de Charlie Brown e sua turma

No ano em que completam 60 anos de vida, um pequeno retrospecto da vida e da carreira de Charles Schulz, pai da turminha e alter ego de um garoto chamado Chuck.

Confesso que quando comecei a ler e a assistir a turma do “Snoopy” -é, pois pra mim (naquela época, pelo menos), o Charlie Brown não estava com essa bola toda-, foi justamente o beagle quem primeiro me chamou a atenção para o universo, digamos, pseudo-infantil dos Peanuts, uma turma cujo tamanho não reflete, necessariamente, o que existe dentro daquelas cabecinhas redondas e simpaticamente desproporcionais.

"O mundo de Peanuts é um microcosmo, uma pequena comédia humana, tanto para o leitor inocente como para o sofisticado."

Umberto Eco (escritor, filósofo, semiólogo, linguista e bibliófilo italiano)

Charles Monroe Schulz

Apesar de ter crescido em St. Paul, Sparky -apelido dado por um dos tios aos dois dias de vida- nasceu em Minneapolis, Minnesota (EUA), em 26 de novembro de 1922. Assim como Charlie Brown, seu alter ego, ele foi um garoto retraído, melancólico, solitário, filho de uma dona de casa típica e de um barbeiro alemão. Diferentemente da personagem, entretanto, se alistou no exército assim que perdeu sua mãe, aos 21 anos, e partiu para a Europa lutar contra o nazismo na 2ª Grande Guerra. Logo que deixou o exército, em 1945, tornou-se professor  da Art Instruction Inc., fato que o deixou mais próximo de realizar o sonho de infância: tornar-se cartunista. Sparky & Chuck: autorretrato (Foto: Reprodução/NYWTS)

Primeiras tiras

Seus primeiros trabalhos foram publicados em 1937 na coluna de Robert Ripley, a famosa Ripley’s Believe It or Not! -no Brasil, mais conhecida como Acredite se Quiser. Li’l Folks, suas primeiras tiras regulares, foram publicadas entre 1947 e 1950 no St. Paul Pioneer Press e alguns trabalhos avulsos no The Saturday Evening Post. Em outubro de 1950, há cerca de 60 anos, Schulz passaria a publicar aquela que seria sua série de tiras definitiva, Peanuts.

Aposentadoria

Em dezembro de 1999, quando o cartunista anunciou sua aposentadoria por conta da saúde debilitada, suas tiras já eram publicadas em mais de 2.600 jornais ao redor do mundo. Sparky, no entanto, morreria pouco tempo depois, em 12 de fevereiro de 2000, horas antes de sua última tira ser publicada nos jornais.

Última tira publicada por Schulz: saudade mútua.

”Caros amigos,

Eu fui afortunado em desenhar Charlie Brown e seus amigos por quase 50 anos. Foi a satisfação da minha ambição de infância. Infelizmente, eu não posso mais manter a programação exigida pela tira cômica diária. Minha família não deseja os Peanuts continuando com qualquer um, consequentemente, estou anunciando minha aposentadoria. Sou grato dos anos de lealdade de nossos editores e do maravilhoso suporte e do amor expressado a mim pelos fãs da tira cômica.

Charlie Brown, Snoopy, Linus, Lucy… Como posso esquecê-los.”

Charles Schulz

Curiosidades

O apelido de Schulz, Sparky, deriva do cavalo Spark Plug, da tira Barney Google.

O Schulz Museum foi aberto em homenagem ao cartunista em 17 de agosto de 2002 em Santa Rosa, na California (EUA).

Bill Melendez (ao lado), pioneiro do ramo da animação e notório diretor da maioria dos desenhos de Charlie Brown foi o único artista a ter permissão para trabalhar com os personagens da tirinha. [Saiba mais]

No Brasil, as dublagens ficaram inicialmente a cargo da MAGA, um estúdio baseado na antiga TVS, hoje SBT. Marcelo Gastaldi (ao lado), que também dublava Chaves e Chapolim, era quem falava português por Charlie Brown. Assim que o setor de dublagens foi extinto, a empresa migrou para o estúdio da Marshmallow, que existe até hoje. Gastaldi morreu em 1995 aos 50 anos.

Outros dois estúdios que também trabalharam na dublagem das personagens de Schulz foram a VTI Rio, com Selton Mello -ainda criança- fazendo a voz de Charlie Brown, e a famosa Herbert Richers. [Saiba mais]

Vince Guaraldi (1928-1976), que já foi parceiro de Bola Sete (1923-1987), conceituado violonista brasileiro, foi quem mais fielmente conseguiu representar, em música, o universo de Charlie Brown. No entanto, músicos do calibre de Wynton Marsalis também se envolveram na empreitada. Conheça alguns dos álbuns:

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A Boy Named Charlie Brown (Vince Guaraldi) A Charlie Brown Christmas (Vince Guaraldi)

The Definitive Vince Guaraldi
(Vince Guaraldi)

Joe Cool’s Blues
(Wynton Marsalis)

Jazz For Peanuts - Charlie Brown TV Themes
(David Benoit)
The Charlie Brown Suite & Other Favorites (Vince Guaraldi) The Lost Cues From the Charlie Brown Television Vol. 1 (Vince Guaraldi) The Lost Cues From the Charlie Brown Television Vol. 2 (Vince Guaraldi) Schroeder's Greatest Hits (John Miller) You’re a Good Man, Charlie Brown (The Broadway Musical)
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Algumas tiras do mestre:
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Esta última não é dele, mas acertou em cheio também:

Charles “Sparky” Schulz (1922–2000)

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Saiba mais:

Peanuts Completo: 1950 a 1952

SCHULZ, Charles - L&PM

Saraiva | Cultura

 

Peanuts Completo: 1953 a 1954

SCHULZ, Charles - L&PM*

(O terceiro volume da série será lançado brevemente pela editora que, inclusive, possui outros títulos do autor já lançados)

Saraiva | Cultura

 

Celebrating Peanuts: 60 Years

SCHULZ, Charles - Andrews McMell Pub

Saraiva

 

Schulz and Peanuts: a biography

MICHAELIS, David - HarperCollins USA

Saraiva | Cultura

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No próximo post, uma reportagem especial do Starte (Globonews) sobre Schulz, os Peanuts e o musical Meu Amigo, Charlie Brown (You’re a Good Man, Charlie Brown). O espetáculo, que em sua versão americana foi sucesso na Broadway, está em cartaz no Teatro Shopping Frei Caneca, em São Paulo.

Até a próxima!Snoopy

[ChuckWilsonDB]

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